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O MANGUINHO 60 – 13 DE OUTUBRO DE 20

Educação e Saúde Mental

CIEP Juscelino Kubitschek

Grupo de alunos e professores que participaram do evento na Biblioteca Parque Marielle Franco. Foto: Mulheres do Vento.

Na quarta-feira passada, o dia começou com um alerta nos grupos de WhatsApp para que todos tivessem atenção ao transitar pelas estradas de Manguinhos e adjacências. O aviso era sobre a presença de uma operação policial em Manguinhos acompanhada do caveirão para retirada de barricadas. Essa situação prejudicou o funcionamento de unidades de saúde e unidades escolares. Algumas atividades foram canceladas, mas esse não foi o caso do passeio que tinha sido combinado com as duas turmas de alunos do Ciep Juscelino Kubitschek. O passeio era para um lugar que fica bem próximo a essa escola, a Biblioteca Parque de Manguinhos. Lá, o grupo de alunos participou do lançamento do catálogo “Estratégias culturais em Manguinhos: olhares sobre o cuidado em saúde mental e o protagonismo de moradores de favelas” e teve a oportunidade de conhecer alguns dos coletivos de Manguinhos dedicados a arte, lazer, esporte, dança e outras atividades promotoras de saúde. Foi uma manhã tensa e intensa. Mas não foram essas as únicas emoções. Muitas outras positivas foram provocadas pelas poesias, músicas e diálogos que fizeram parte do evento.

Escola e Saúde Mental

Perguntamos a alguns participantes: Você considera que esse passeio fez bem para a sua saúde mental? Por quê? Diogo Lázaro Ferreira Costa, aluno do Ciep Juscelino Kubitschek, que participou desse passeio, respondeu assim a nossa pergunta:

“Oi, meu nome é Diogo Lázaro Ferreira Costa, sou do Carioca 2, do CIEP JK, da professora Patrícia. O passeio que teve pra biblioteca foi muito bom, porque deu para relaxar, não precisava só copiar do quadro. Elas passaram algumas informações legais: que nós somos uma família e que podemos contar com elas para tudo. Teve lanche também lá. Mesmo a gente tendo ido pra um lugar perto foi bom, porque não foi só dentro da sala. Foi um lugar diferente, um campo, né?”

“A comunidade escolar está muito carente de um auxílio emocional, a saúde mental ficou muito abalada com a pandemia.”

Patrícia Woolley Cardoso, professora de História da Rede Municipal do Rio de Janeiro, mestre e doutora em História pela UFF, é professora do grupo que participou do evento. Ela atua no Projeto Carioca 2, que é uma turma especial, com o objetivo de auxiliar os alunos que possuem defasagens escolares a poderem desenvolver suas habilidades e concluir o Ensino Fundamental.

“Eu gostei muito de ter participado dessa atividade externa. Aliás, foi a primeira vez nesse ano que eu tive oportunidade de participar de uma atividade como essa. Então, eu acho que isso foi uma troca muito interessante pra mostrar que dentro da comunidade há movimento, há pessoas sim, críticas [pessoas críticas], pessoas que produzem, pessoas que fazem acontecer independente do Estado, já que o Estado, já que o poder público, já que as políticas públicas são insuficientes ou na maioria das vezes ausentes, então nós como seres humanos, cidadãos, pessoas, trabalhadores, moradores da região, professores… Então a gente tem que se mexer. Então achei muito bacana a iniciativa de reunir neste catálogo esses projetos e essas atividades. (…) A comunidade escolar está muito carente de um auxílio emocional, a saúde mental ficou muito abalada com a pandemia, muitos alunos estão agitadíssimos com transtornos emocionais sérios mas que nós professores não temos nem credenciais para identificar. Eu acharia muito legal se houvesse uma parceria da Fiocruz com alguns desses movimentos culturais visando uma melhora da Saúde Mental, por exemplo, a partir da escola, a partir da comunidade escolar.”

Natanael Santos, professor de artes do Ciep JK, também nos deu seu depoimento:

“Ao perguntar a um aluno sobre o que ele mais gostou do evento ele disse que foi o oferecimento do lanche. Então se essa criança se alimenta bem a saúde mental dele imediatamente responde de maneira positiva. Então teve seu ponto positivo nesse sentido. Agora vou explorar bastante com eles a questão cultural em si, as manifestações culturais que houve no evento: poemas, músicas, discursos etc e tal. Isso ainda vou trabalhar com eles.”

Essa experiência vivenciada por alunos e professores do Ciep Jk pode fazer bem também para a saúde de Manguinhos? Clique aqui e venha conversar com a gente sobre isso.

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