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O MANGUINHO 79 – 13 DE ABRIL DE 2023

Iniciação científica em Manguinhos

Registro do dia 22 de abril de 2023: Apresentações dos estudantes universitários bolsistas de iniciação científica em Manguinhos. Foto: Equipe O Manguinho.

Os diálogos do nosso grupo de WhatsApp Intersetorial Manguinhos são a base de construção do O Manguinho, que busca contribuir para que a intersetorialidade fortaleça um serviço público que promove saúde neste território.

Nas conversas sobre tuberculose que aconteceram no grupo, e que foram tema no O Manguinho passado, mesmo quem não deu seu parecer sobre o assunto foi afetado por ele. Foi o caso de Michele Rocha que disse:

“Eu não tenho um parecer a dar sobre essa pauta porque, assim como eu, moradora da comunidade de Manguinhos, não entendo muito bem essa pauta, então para mim, o que vocês falaram aí, o pouco que eu pude acompanhar, foi que eu pude entender um pouco mais. Porque não é uma coisa bem explicada para quem não está na situação. De repente é pra quem está na situação, como eu não estou, graças a Deus, e nunca estive, eu não sei debater sobre essa pauta. Então, eu não vou falar uma coisa que eu não domino, né? Eu só escuto e aprendo!”

Apesar de não sofrer diretamente com o problema da tuberculose, Michele se interessou em aprender sobre a doença. Mas será que essa vontade de aprender mais sobre problemas que prejudicam a vida e a saúde em Manguinhos é algo comum entre os moraderes de Manguinhos?

Iniciação científica em Manguinhos

A resposta pra essa pergunta é sim para pelo menos dez jovens de Manguinhos. Eles demonstraram interesse em participar de projetos de pesquisa sobre problemas diversos, no âmbito do programa de Iniciação Científica proposto pela Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fiocruz. Esses jovens apresentaram os resultados de um ano de suas pesquisas no dia 22 de março de 2023. O Manguinho acompanhou esta atividade que fez parte da Reunião Anual de Iniciação Científica da Fiocruz. Neste dia, tivemos a oportunidade de conhecer vários estudos e trazemos aqui o relato de duas jovens moradoras de Manguinhos que fazem parte desse projeto.

Leticia Alves Oliveira, que é moradora Manguinhos e estudante de Museologia, nos falou sobre a pesquisa da qual ela faz parte. Um projeto de promoção de saúde realizado com crianças moradoras de Manguinhos, no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria – ENSP/Fiocruz.

“Olá, meu nome é Letícia, tenho 25 anos, sou moradora de Manguinhos, sou bolsista PIBIC do IC Manguinhos. Eu fui selecionada para trabalhar na pesquisa “Modos de Brincar”, com crianças, né? E assim, vendo o trabalho que eu faço e os problemas que existem na minha favela, eu percebo a falta de mais atenção dos responsáveis com as crianças, eu acho que o brincar é muito importante, é essencial para a vida das crianças, elas desenvolvem várias coisas e é muito significativo. Então, responsáveis, [é importante] brincar, ter mais atenção com seus filhos, não só na brincadeira, porque no projeto a gente vê o pai cuidando da criança ali,estando presente, se envolvendo, criando laços que não conseguiam criar em casa. Então, assim, a pesquisa mostra o quanto o brincar fortalece o entendimento, a união responsáveis e crianças, e o quanto é benéfico e o quanto eu acho que isso é necessário no meu território!”

Já a Ana Carolina Barboza Brandão, também moradora de Manguinhos, é bolsista de um projeto que realizou um estudo sobre a saúde do docente da Educação Básica. Ela falou sobre a relação que faz entre essa pesquisa e os problemas enfrentados em Manguinhos:

“Eu me chamo Ana Carolina Barboza Brandão, sou aluna bolsista do IC Manguinhos na ENSP com o projeto “Condições de trabalho e saúde docente em meio a pandemia de Covid 19”, sob orientação da professora doutora Joviana Quintes Avanci e da professora Ana Paula Lucas Caetano de Albuquerque. O nosso estudo analisa como a pandemia de Covid-19, impactou o processo de ensino-aprendizagem e a saúde docente. A relação entre a pesquisa e os problemas vivenciados em Manguinhos são perceptíveis através do ambiente de violência que existe dentro e fora das escolas. Associados a problemas de segurança pública, além de condições precárias de trabalho, como a desvalorização da classe e poucos recursos disponíveis. Isso tudo é acentuado pelas relações sociais de gênero, causando adoecimento físico e sofrimento psíquico, principalmente também pela falta de políticas públicas voltadas a essa classe trabalhadora.”

A participação de moradores de Manguinhos em pesquisas na Fiocruz pode fazer bem para a saúde deste território? Responda em nosso grupo de WhatsApp.