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O MANGUINHO 51 – 11 DE AGOSTO DE 2022

Manguinhos tem a voz e a solução

Conferência Livre, Democrática e Popular de Saúde 2022

Mesa de abertura “Saúde e Democracia” na “Conferência Livre, Democrática e Populade Saúde” em São Paulo. No detalhe, Zeulaci e Jorge que participaram presencialmente da Conferência e deram nesse jornal os seus recados.

Na última sexta-feira, conforme anunciamos aqui em nosso último número, aconteceu na cidade de São Paulo a etapa nacional da Conferência Livre, Democrática e Popular da Saúde, que reuniu gestores, trabalhadores da saúde, lideranças sociais e políticas, pesquisadores, sanitaristas e acadêmicos de diversas partes do país. Todas essas pessoas discutiram a atual realidade da saúde brasileira e propuseram ações e políticas para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, o SUS. Entre o lançamento da conferência no dia 7 de abril e o dia 5 de agosto, foram realizadas mais de 120 atividades entre conferências estaduais, setoriais e encontros de movimentos, para discutir as diretrizes da política de saúde no Brasil. Com a participação de moradores e trabalhadores de Manguinhos dois encontros locais foram realizados. Um grupo de Manguinhos formado por moradores, lideranças, conselheiros do CGI e trabalhadores da saúde foram a São Paulo e participaram presencialmente do encontro.

Um conferência da saúde de forma regular e permanente?

A Zeulaci, que é conselheira do Conselho Gestor Intersetorial de Manguinhos (CGI), representando os idosos, diz que foi um privilégio ter participado. A gente perguntou pra ela no grupo de WhatsApp Intersetorial Manguinho se esse tipo de evento deveria ser permanente e regular, ou seja, incluído na agenda anual das ações dos movimentos sociais e do sistema de saúde:

“Eu acho sim que essa Conferência deve ser sempre feita, porque cada vez que for feita, pelo menos eu quero, fazer que minhas amigas e meus amigos, saibam o que é isso e o que a gente pode fazer, o que a nossa presença representa. É uma coisa que eu estou buscando um jeito de fazer.”

Jorge Aroldo, também do CGI, respondendo a mesma pergunta destaca que independentemente das mudanças políticas a luta pelo SUS não pode parar:

“É muito importante, né? A gente não pode ficar só numa. A gente tem que continuar porque a gente não sabe quem vai entrar. A gente não pode parar pela luta Somos SUS. A gente está apenas começando. Foi muito importante, tem que continuar. A luta continua e só interessa a nós a vitória e a melhora do SUS.”

Os desafios de Manguinhos

Grandes desafios foram colocados pela Conferência Livre, Democrática e Popular da Saúde. Entre eles estão o de construir um programa democrático e popular para o SUS, como também “o de recolocar a centralidade do direito à saúde, à vida e um ambiente saudável e equilibrado no debate nacional e internacional.” Como Manguinhos pode fazer parte dessa grande rede e colaborar para que esses desafios sejam enfrentados, problemas superados e resultados positivos sejam alcançados? Em que medida o trabalho de colaboração entre as unidades de saúde, educação e assistência social em Manguinhos fortalecem a luta pela conquista e garantia de direitos básicos?

Manguinhos agora tem a voz e a solução!

Diante de tantos e imensos desafios a gente termina esse número com as palavras da Zeulaci:

“O que eu me propus a fazer é lutar pela minha comunidade, lutar pela terceira idade, mas não é só eu lutar e eles não saberem o que eu estou fazendo. Eu quero que eles participem comigo. Ah, eu tô aborrecida com alguma coisa! Bota a voz no jornalzinho que alguém vai te ouvir, quanto mais pessoas ouvirem mais vão saber que nós estamos vivos, que a gente faz parte da vida. Nós temos o poder, a gente só não sabe como usar ainda. (…) Porém, o Estado, o governo, a militância lá de cima tem que saber que é aqui debaixo que eles tem que aprender a ouvir. A gente não tem que acatar a ordem deles, a gente não tem que fechar com quem que eles acham melhor. Quem sabe o que é melhor pra gente é a gente que vive aqui. Estou falando de Manguinhos porque a gente vive em Manguinhos. (…) Se vocês colocarem a voz, ouvirem a sua voz vocês vão saber que há esperança. Vamos lutar.É isso o que eu acho. É isso o que eu quero. Estou trabalhando para isso. Estou estudando por isso. Por um futuro melhor, para uma comunidade melhor, por dias melhores. Acabou a represssão! Manguinhos agora tem voz e a solução.”