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O MANGUINHO 88 – 22 DE JUNHO DE 2023

Comida no prato todo dia

Com apoio do MST, comunidade urbana inicia horta agroecológica. Clique aqui para saber mais. Foto: Ednubia Ghisi

Segundo pesquisa realizada no ano de 2022, aproximadamente 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil. Em Manguinhos, nós não sabemos quantas pessoas estão passando por esse mesmo problema, mas por ser considerado um território de vulnerabilidade social, é possível supor que muitas famílias e moradores de Manguinhos façam parte desta fatia da população que não tem a garantia de uma alimentação diária.

Em edições anteriores, essa questão já apareceu por aqui. Em janeiro deste ano, ao falar do retorno às aulas, O Manguinho enfatizou a importância fundamental da refeição oferecida nas escolas, que em muitos casos é a única ou a principal refeição do dia dos alunos. E na primeira semana do mês de junho, a gente chamou a atenção para o tema da agricultura familiar e de uma alimentação saudável.

Comer bem é um direito

Ter uma alimentação adequada é um direito de todo cidadão brasileiro. É dever do poder público adotar as políticas e ações que se façam necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população. O artigo terceiro, da lei 11346, de 2006, diz que a segurança alimentar e nutricional consiste na ro direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente.

Quando falamos de alimentação adequada e do problema da fome, não estamos tratando apenas da falta ou da pouca quantidade de comida no prato. É também sobre a substituição de alimentos saudáveis por opções pobres em nutrientes. O entregador de aplicativo, que no corre do dia a dia, substitui o seu almoço por um salgadinho ou um biscoito recheado, sofre de um fome oculta, ou seja, ele tem acesso a comida, mas vive num regime de carência alimentar, pela falta constante de alimentos ricos em nutrientes.

Uma política pública de segurança alimentar e nutricional que busque ser efetiva e sustentável, deve reconhecer também a importância da ampliação das condições de acesso a alimentos por meio da produção da agricultura tradicional e familiar.

Hortas urbanas

A Gilda Cabral, é uma cearense, moradora de Brasília, que teve acesso ao O Manguinho em outros grupos de WhatsApp. Ao comentar uma edição anterior, ela falou das hortas urbanas:

“Essa coisa das hortas urbanas. Tem muitos terrenos das prefeituras que são terenos baldios. Ali, são espaços que muitas mulheres são vítimas de violência. A prefeitura podia, por exemplo, fazer junto com o governo federal um convênio, um acerto, e não cobrar IPTU daquele terreno, se a pessoa não quisesse pagar o IPTU, dava pra horta. Aí a prefeitura dava o terreno e a água, porque não tem planta e terreno sem água, né? Aí pronto. A Caixa Econômica podia dar microcrédito para as mulheres, para as pessoas que tem interesse em plantar. Então se a gente tem terreno, assistência técnica da EMATER e do SENAC, que tem já em tudo quanto é canto, no interior, nas capitais e tudo, terreno e água… Pronto, as mulheres tem a maior coragem de trabalhar. A gente fazia uns esquemas destes na comunidade da gente de plantar estas hortas, em São Paulo tem muitas hortas assim, urbanas. Isso ia dar alimentação pra família da gente e também podiam vender o produto desta horta e gerar renda. As pessoas podem também tirar um dinheiro.”

Ônibus sacolão

A Elenice Pessoa, moradora e líder comunitária de Manguinhos, também lembrou em nosso grupo de WhatsApp, do ônibus sacolão, que visitava Manguinhos uma vez por semana e oferecia legumes e verduras saudáveis e com preço acessível. Ela defende que iniciativas como essa vire política pública para as favelas:

“Importante seria a gente comer um alimento que não tivesse agrotóxico, que fosse um alimento saudável, mas isso a gente sabe que também é difícil, porque pelas dificuldades que tem. O que seria? Seria importante se o governo pudesse ajudar nessa vinda destes alimentos. E essa proposta seria maravilhosa, para que a gente pudesse comer uma comida saudável.”

Segurança alimentar e nutricional é poder comer todo dia, uma comida bem preparada, que não tenha vindo de muito longe, sem agrotóxicos e outros produtos químicos, que são verdadeiros venenos e fazem muito mal pra saúde da população. Em Manguinhos, você conhece iniciativas, movimentos sociais, grupos e instituições que combatem a fome? Venha conversar com a gente sobre esse assunto em nosso grupo de WhatsApp.