Portal ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca Portal FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz

O MANGUINHO 90 – 06 DE JULHO DE 2023

O que ensina a história?

Reunião do Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. Ano de 2014.

O Manguinho desta semana dá continuidade ao tema do último número, que pediu aos membros do nosso grupo de WhatsApp que contassem as suas histórias de participação no Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. Ao fazer isso, O Manguinho chama atenção para este importante espaço de gestão participativa, que reunia trabalhadores, representantes dos usuários e moradores de Manguinhos para decidir os rumos da instituição.

Em uma pesquisa realizada em 2004, que buscava avaliar se o Centro de Saúde Escola era uma instituição promotora de saúde, alguns moradores e usuários reconheceram o valor do Conselho Gestor. Lembraram, por exemplo, de como foi importante a participação neste conselho para conseguirem um geriatra para o Centro de Saúde Escola, ou como a opinião deles foi decisiva para a permanência de um dentista.

Democracia e saúde

A Monique Cruz, participou do Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola em 2013, representando os moradores de Manguinhos. Ela destaca muita coisa que aprendeu com essa experiência:

“Meu nome é Monique Cruz. Hoje eu sou Assistente Social, membra do Fórum Social de Manguinhos já há alguns anos. Sou cria da Favelinha. Eu participei… se eu não me engano, das primeiras eleições do Conselho Gestor. Fui eleita suplente. Essa história começa quando a gente é mobilizado no território para esse momento de uma política de participação em relação à política de saúde no território, que é muito importante. Eu participei como suplente de algumas reuniões, foram experiências muito ricas para mim, me ajudaram a compreender muitas coisas em relação à participação democrática, a importância da participação social efetiva da população em relação à gestão das políticas públicas, especialmente a de saúde. Eu pude compartilhar o espaço com muitas mulheres incríveis. Tanto as mulheres das favelas de Manguinhos e do entorno, quanto das profissionais mesmo que ocuparam esses espaços, [como] agentes de saúde, profissionais que vinham representando outros órgãos para a gestão da saúde. Foi uma experiência muito rica, embora tenha sido também cheia de contradições e tensões, mas que também fazem parte da disputa por esse espaço. Sem dúvida quando eu participei eu era jovem, uma jovem militante com muitas questões e ainda compreendendo as coisas. Mas eu diria que esse espaço foi de fundamental importância tanto para transformação de algumas questões importantes na política de saúde no território, quanto para a garantia do nosso direito, enquanto moradores e moradores, de uma participação efetiva na gestão da política. Sempre que eu ouço a Darcília Alves eu penso que ninguém melhor que nós para falar sobre as lacunas, sobre a necessidade de melhorias, sobre quem são os usuários e usuárias dos serviços e quais são as reais necessidades que a política precisa dar conta.”

Já a moradora de Manguinhos e professora, Queila Santos, respondeu a pergunta final do último O Manguinho sobre os benefícios que poderiam ser conquistados com a retomada do Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola:

“Olá, meu nome é Queila Santos. Sou professora de educação física. Há 5 anos trabalho na escola judaica Eliezer Max. Também trabalho com crianças em situações vulneráveis na comunidade de Manguinhos. Na minha opinião os benefícios que poderiam ser conquistados com essa retomada do Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, acredito que seria possível colocar atendimento especializado principalmente para crianças com doenças cognitivas. Trabalho em realidades completamente diferentes. Com o diagnóstico precoce e o acompanhamento com profissionais especializados, as crianças e as pessoas se desenvolveriam de maneira eficaz.”

Monique aprendeu que a participação dos moradores contribuem para que o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria atenda de forma mais efetiva as reais necessidades da população. Nesse sentido, a demanda trazida pela Queila é um excelente exemplo. Ela fala de um problema de saúde pública muito sério, que para ser resolvido é necessário realizar ações combinadas nos campos da pesquisa, da produção de tecnologias em saúde, de ações educativas e de gestão participativa. Assim, o aprendizado da Monique e a demanda da Queila contribuem para fortalecer essa unidade de saúde na busca do seu objetivo de promover a saúde a partir do desenvolvimento do ensino e da pesquisa.” E você, o que aprendeu com essa história? Entre em nosso grupo de WhatsApp e responda essa pergunta.