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O MANGUINHO 70 – 26 DE JANEIRO DE 2023

Falta comida nas escolas?

Falta comida nas escolas?

Com o retorno das aulas das escolas públicas de Manguinhos em fevereiro O Manguinho traz nesta semana para a discussão o tema da alimentação nas escolas. Segundo alguns relatos que recebemos, a alimentação oferecida em algumas das unidades escolares do território em 2022 foi insuficiente. Além das reclamações sobre a pouca quantidade oferecida para cada aluno, também existem queixas sobre a qualidade da merenda.

Segundo a Comissão da Educação da Alerj várias denúncias e reclamações foram recebidas por eles apontando que o dinheiro para alimentação escolar na Rede Estadual do Rio de Janeiro não tem sido suficiente. Por isso as direções das escolas tem feito mudanças no cardápio, como a substituição de alimentos por opções mais baratas

Alimentação escolar é importante?

A gente conversou com a nutricionista Ana Lúcia Fittipaldi, do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, da Fiocruz, sobre a importância da alimentação das escolas, sobre as políticas públicas que tratam da questão e sobre os canais de denúncia disponíveis:

“A alimentação fornecida nas escolas é fundamental para contribuir com o crescimento e desenvolvimento dos alunos, sejam crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, estimulando a construção de hábitos alimentares mais saudáveis. A alimentação saudável previne, desde cedo, contra doenças que estão relacionadas com os hábitos alimentares, como excesso de peso e obesidade, diabetes e hipertensão arterial.

É também importante para a efetividade da Segurança Alimentar e Nutricional que significa a garantia de alimentação em quantidades adequadas e que seja de boa qualidade e que respeite a cultura alimentar. É de fundamental importância principalmente em territórios mais vulnerabilizados, como Manguinhos, onde a população convive com problemas sociais, ambientais e econômicos que impactam diretamente na sua saúde. Em muitas situações a refeição oferecida nas escolas é a única ou a principal refeição do dia dos alunos.

A alimentação escolar também contribui com o rendimento escolar, com o maior número de alunos matriculados e com a frequência às aulas, reduzindo o número de faltas. Ela é fundamental também porque com fome não é possível prestar atenção nas aulas e se concentrar nos estudos.

Para garantir o fornecimento da alimentação escolar nós temos uma política pública que é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que é aplicada nas escolas por meio do oferecimento de refeições saudáveis e equilibradas, e também através do desenvolvimento de ações de educação alimentar e nutricional para promover alimentação saudável. É oferecida para todos os estudantes da rede básica de ensino pública, que vai desde a creche, educação infantil, ensino fundamental (incluindo a modalidade de educação de jovens e adultos) até o Ensino Médio. O governo federal repassa valores financeiros aos estados e municípios para execução deste Programa, que pode e deve ser acompanhado e fiscalizado pela sociedade.

O PNAE tem como critério a obrigatoriedade de ter um nutricionista responsável técnico pela elaboração do cardápio escolar, e privilegia que a compra dos alimentos seja feita diretamente dos produtores locais, da agricultura familiar, e inclua preparações que façam parte do hábito cultural de cada região.

Ao se identificar que o PNAE não está sendo executado corretamente, pelos municípios ou por alguma escola específica, que está faltando merenda, ou a merenda não está adequada em quantidade ou qualidade, é importante que a sociedade denuncie aos órgãos competentes para cobrar que esta importante política pública seja cumprida.

O PNAE é acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE), e também pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público.

Existe um aplicativo para facilitar esta fiscalização: o ePNAE. É o aplicativo de controle social do Programa Nacional de Alimentação Escolar por meio do qual pais, alunos, professores, nutricionistas, conselheiros de alimentação escolar e toda comunidade poderão acompanhar e avaliar a alimentação escolar oferecida em todas as escolas públicas do país.

Para utilizar este aplicativo é necessário fazer o download, fazer um cadastro e autenticar com seu usuário Brasil Cidadão, do Governo Federal.”

O que você tem a dizer sobre alimentação escolar? Solte a sua voz em nosso grupo de WhatsApp.

EJA Colégio Pedro II

O MANGUINHO 69 – 22 DE DEZEMBRO DE 2022

Educação Popular e Plantas Medicinais

Assim como os animais, as plantas também são espécies companheiras e nos ajudam a cuidar de nós, do território e de todo o planeta. Como estabelecer relações equilibradas e colaborativas com essas outras espécies que têm nos acompanhado ao longo de toda a vida? Se queremos transformar Manguinhos em um território saudável e sustentável, será preciso também mudar a nossa forma de habitar, conviver e cuidar do planeta?

O Manguinho dessa semana faz um breve resumo do evento de encerramento de mais uma turma do curso de Educação Popular e Plantas Medicinais na Atenção Básica à Saúde, realizado na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz. A gente esteve lá, no dia 12 de dezembro, e conversou com os alunos, professores e coordenadores. É importante lembrar que um dos objetivos do curso é que essa nova turma de alunos comprometa-se com o desenvolvimento de ações de valorização e integração do uso de plantas medicinais no cuidado em saúde nesses territórios.

Na mostra final, foram expostas as plantas investigadas pelos alunos, assim como houve distribuição de xaropes, tinturas, pomadas e sais preparados com essas plantas medicinais. Arnica, carqueja, chapéu-de-couro, erva-cidreira, erva-doce, hortelã, pitanga, quebra-pedra,jurubeba, saião, tanchagem, são algumas dessas plantas muito conhecidas popularmente e que podem ser encontradas em diversos lugares.

Maria Helena Souza, moradora do Amorim, fala pra gente sobre um xarope que é bom pra tosse e que resgata conhecimentos ancestrais:

“Na minha banca estou demonstrando o xarope de guaco com hortelã pimenta. Esse xarope na composição dele tem açúcar, guaco, hortelã pimenta e álcool de cereais. É um xarope familiar cultural, do tempo das nossas avós, dos nossos antepassados e ancestrais. E estamos trazendo para a nossa comunidade, para a Clínica de Família.”

Além da exposição das plantas e compostos medicinais, foi possível também conhecer o jogo de tabuleiro Semeando Cuidado. Um jogo cooperativo sobre saberes populares e plantas medicinais, e que foi utilizado como ferramenta didática nas aulas.

Educação e Saúde

Esse curso tem a coordenação de Camila Borges e Grasiele Nespoli, ambas da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. E tem como alunos, os trabalhadores da saúde e lideranças comunitárias de Manguinhos e da Maré. Para a Camila, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são estratégicos no trabalho de educação da população:

“O curso foi pensado como uma estratégia para estimular o uso de plantas medicinais na Atenção Básica tanto por trabalhadores quanto pela população em geral. Então por isso a gente tenta trazer para o curso, tanto lideranças comunitárias que serão capazes de reconhecer esses usos de plantas medicinais na comunidade e disseminá-los; quanto profissionais da Atenção Básica, que a gente chama de prescritores, como médicos, enfermeiros, dentistas, mas especialmente Agentes Comunitários de Saúde, que são trabalhadores que trabalham com Educação e Saúde. São profissionais estratégicos, tanto pra levarem em conta os conhecimentos da comunidade e incorporar isso aos projetos terapêuticos, quanto pra disseminar formas de cuidado e educar a população pra outras formas de cuidado. Eu diria que os Agentes Comunitários são estratégicos para estimular cuidados alternativos na comunidade.”

Para a Grasiele, muitos saberes populares no uso das plantas medicinais estão se perdendo por conta do poder da indústria farmacêutica:

“A gente sabe que no Brasil muita gente faz uso das plantas medicinais no cuidado. A cura está na natureza. Sempre esteve na natureza. A indústria farmacêutica começa a produzir medicamentos sintético e a gente acaba apagando num período menor do que um século todo um conhecimento que vinha da ancestralidade dos povos negros, indígenas, dos povos originários e do povo escravizado, que foi escravizado na África e veio trabalhar no Brasil à força. Eles trouxeram muitas sabedorias do uso das plantas medicinais e esse saber foi se perdendo por conta da hegemonia da indústria farmacêutica e do remédio industrializado.”

Ficou interessado no tema do uso das plantas medicinais? Por que esses saberes sobre as plantas medicinais não estão incorporados no SUS de forma efetiva e cotidiana? Será que isso tem alguma relação conflitos entre os interesses públicos e privados? Entre em nosso grupo de WhatsApp para iniciar essa conversa.

O MANGUINHO 68 – 15 DE DEZEMBRO DE 2022

Ouvido do Lula

Reunião do MCP Manguinhos no último domingo, dia 11 de dezembro.

Você já pensou na oportunidade de mandar um recado para o futuro Presidente da República do Brasil? O que você diria? Que problemas em Manguinhos você destacaria em sua mensagem? Enviar um recado para o Presidente do Brasil é o tema da atividade intitulada Ouvido do Lula, que tem acontecido pela manhã, no segundo domingo de cada mês, na Feira Livre da Estrada de Manguinhos. Segundo seus idealizadores, trata-se de uma atividade de escuta da voz de moradores de territórios vulnerabilizados no ambiente cotidiano de vida dessas pessoas. O convite inicial para uma conversa é expresso nas perguntas: Que recado você quer mandar para o Lula? Que perguntas, críticas ou sugestões você gostaria de fazer para ele?

A atividade que teve início em 18 de setembro de 2022, na época da campanha eleitoral para a Presidência do Brasil, começou a ser feita por iniciativa de três pessoas: os moradores de Manguinhos José Beserra de Araújo e Eleci Vieira, e pela servidora pública da Escola de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP), da Fiocruz, Mercês Navarro Vasconcellos. Desde então, o grupo vem crescendo e conseguindo mais apoio. O Movimento das Comunidades Populares, o MCP, cujo o Seu Beserra é o líder histórico em Manguinhos, é de onde vem a inspiração e sustentação política para esta ação.

Conforme nos relatou a servidora Mercês, que também faz parte da equipe do O Manguinho, nesse último domingo, dia 11 de dezembro, uma ação complementar ao Ouvido do Lula foi realizada. A partir dos recados enviados foi feita uma reunião de reflexão organizada pelo MCP. A proposta é a de que essas reuniões aconteçam sempre, para que possam ser dados encaminhamentos coletivos às mensagens enviadas ao Presidente da República. Nesse último encontro 14 pessoas participaram. Entre os problemas debatidos surgiu o da necessidade da construção da Clínica Municipal de Manguinhos.

Uma nova Clínica Municipal de Saúde em Manguinhos

A Cilda Alves Moreira, moradora há 50 anos, foi quem nesta reunião do MCP destacou a questão da luta pela construção da Clínica em Manguinhos como a mais urgente:

“Meu objetivo é ajudar as crianças e os idosos. Esse é meu sonho. Fazer o bem sem olhar a quem. O que nós queremos e gostaríamos é que os governantes transferissem a Clínica da Família para onde seria a sua sede inicial, na rua Hesperia, ao lado da creche. [Esse local] está jogado, abandonado, com matagal, cheio de rato, cobra, mosquito e assim sucessivamente. Então nós queremos fazer um pedido, um abaixo-assinado para a Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal. O que nós estamos precisando é de posto de saúde, melhoramento pra toda equipe que trabalha na UPA, porque eles não estão sendo recompensados como deveriam ser.”

A Cilda também lembrou que a construção de uma nova clínica é uma promessa antiga. Ela lembra também de um acontecimento ocorrido na inauguração do EDI Joaquim Venâncio, em Manguinhos:

“Olha, eu não me lembro quando foi fundado, mas me lembro que o Eduardo Paes esteve aqui. Foi ele que fez a inauguração da creche. A creche que ele fez é ótima. Está sendo muito bem cuidada. As crianças também. Mas aonde que iria ser a Clínica da Família ao lado da creche, foi ele mesmo, que estava nervoso – mas eu gosto dele – que arrancou a faixa. E não colocou até hoje. Então nós fazemos um apelo, um pedido, para ele fazer.”

O que nos resta fazer?

O tema da necessidade de construção de uma nova Clínica Municipal da Saúde em Manguinhos já apareceu por aqui em algumas oportunidades. A iniciativa do abaixo-assinado feito pelos moradores, a emenda parlamentar aprovada na Câmara Municipal e a inclusão da construção da clínica no orçamento de 2022 são matérias que podem ser encontradas em diferentes números do O Manguinho. Por mais que várias iniciativas tenham sido tomadas, elas ainda não foram suficientes. Que outras ações serão necessárias e estão ao nosso alcance fazer?

O ano de 2022 está acabando e a Clínica Municipal que falta em Manguinhos não começou ainda a ser construída. Que pergunta ou recado você gostaria de mandar para os vereadores e para a prefeito da cidade do Rio de Janeiro? Entre em nosso grupo de WhatsApp e mande seu recado.

O MANGUINHO 67 – 08 DE DEZEMBRO DE 2022

Estudar faz bem para a saúde?

Ciep Juscelino Kubitschek

Ciep Juscelino Kubitschek – Foto: Natanael Santos

Estamos chegando no final do ano, momento em que em geral fazemos um balanço da vida que estamos construindo. Esse é um excelente momento para refletirmos sobre o papel da escolaridade nessa nossa caminhada. Para quem quer continuar os estudos ou não concluiu o Ensino Fundamental e o Ensino Médio trazemos aqui algumas informações muito importantes. Fique atento aos prazos. As matrículas para as escolas públicas acontecem em dezembro de 2022 e em janeiro do próximo ano.

Rede Estadual

Na Rede Estadual de Educação para alunos novos se matricularem nas escolas estaduais de Ensino Fundamental e de Ensino Médio é necessário entrar no site Matrícula Fácil, da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro. A primeira fase de matrícula da Rede Estadual se encerra dia 9 de dezembro, na próxima sexta-feira. Ao fazer a sua inscrição não se esqueça de anotar o número de inscrição fornecido ao final do processo. Você vai precisar dele posteriormente para saber em qual escola sua vaga foi reservada. Se você é morador de Manguinhos e o seu desejo é estudar próximo da sua residência, lembre-se de colocar as escolas de Manguinhos da Rede Estadual como primeira opção. A Rede Estadual também oferece a Educação de Jovens e Adultos (EJA) mas em Manguinhos você também tem a opção de tentar concluir o Ensino Médio na Educação de Jovens e Adultos na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz.

O EJA da Escola Politécnica

As inscrições estarão abertas entre 5 de dezembro de 2022 a 14 de janeiro de 2023. Para participar do processo seletivo, é preciso ter no mínimo 18 anos e ter concluído o ensino fundamental até a data de matrícula no curso, 02 de fevereiro de 2023. O curso é em modalidade presencial com início em 13 de fevereiro de 2023 e previsão de finalização em dezembro de 2024. 2. As aulas são de segunda à sexta-feira no horário das 18h às 22h, no campus da Fiocruz, em Manguinho. Serã oferecidas 20 vagas e o processo seletivo é composto por duas etapas: Inscrição e Sorteio Público. Outras informações podem ser obtidas no site da própria escola.

Rede Municipal

Na Rede Municipal da Cidade do Rio de Janeiro a matrícula também é feita pela internet no site Matrícula Carioca 2023. As matrículas para alunos novos, a partir de 4 anos de idade, nas modalidades Pré-Escola, Ensino Fundamental Regular ou na Educação de Jovens e Adultos (EJA) será no período de 18 a 23 de janeiro de 2023. Também neste site você pode encontrar as escolas nas quais estará disponibilizado o acesso à internet para que essa matrícula possa ser feita com mais facilidade. As escolas de Manguinhos que estarão disponíveis para esse acesso serão a Escola Municipal Oswaldo Cruz e a Escola Municipal Albino de Souza Cruz, que ficam na Avenida dos Democrático, nos números 683 e 268. Você sabia que o Ciep Juscelino Kubitschek, que fica na Leopoldo Bulhões, funciona à noite? Existem muitos moradores de Manguinhos que não sabem disso. Na parte da noite existe a Educação de Jovens e Adultos de Ensino Fundamental, que possui inclusive turmas de alfabetização.

Educação e Saúde

As relações entre Educação e Saúde já foi tema em vários números do O Manguinho. Disponibilizamos nesse site (24, 25, 27, 30, 31, 33, 52 e 53) todos esses jornais para quem desejar acessá-los. Vale muito a pena, pois todos eles trazem depoimentos muito interessantes de alguns moradores e trabalhadores de Manguinhos. Entre os depoimentos que estão nestes números do O Manguinho algo muito comum é as pessoas terem muitas dificuldades para estudar por problemas relacionados a falta de dinheiro. Manguinhos é um território de baixíssimo IDH e acumula muitos problemas socioambientais.

Se você conhece alguém que não tem as informações divulgadas aqui, ajude-nos a espalhá-las e contribua para ampliar a escolaridade nesse território. É importante os moradores de Manguinhos estudarem para que esse território tenha mais saúde? Entre em nosso grupo de WhatsApp e ajude na construção de uma resposta coletiva para essa pergunta.

O MANGUINHO 66 – 01 DE DEZEMBRO DE 2022

Novas notícias sobre a Covid-19

O Manguinho dessa semana dá continuidade ao assunto do nosso último número. A partir das informações dadas por Regina Daumas e Rosane Esteves a gente fez uma alerta sobre uma nova onda de Covid-19. Segundo o boletim Infogripe da Fiocruz, divulgado no dia 23 de novembro, há um aumento dessa doença entre os casos positivos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em estados de todas as regiões do país. O estado do Rio de Janeiro, segundo a mesma fonte, tem um crescimento acentuado que se destaca, acompanhado pelos registros de São Paulo e Paraíba. Como vimos em nosso último número, em Manguinhos, esse aumento de casos também foi verificado.

A vacina protege

A vacina continua ainda sendo a nossa maior proteção contra os casos graves da Covid-19. No Brasil, apenas 56% da população recebeu a dose de reforço. Daí ser importante cobrar a 4a dose de reforço ao governo e as instituições públicas de saúde nos casos em que ela não tiver disponível. Como também deve ser cobrada as vacinas para crianças. Segundo o biólogo Atila Iamarino, as vacinas para as crianças menores de 4 anos, sem comorbidades, continuam sendo negligenciadas, ou seja, não há vacinas disponíveis no Brasil para essas crianças.

Mesmo os vacinados podem pegar Covid-19

Mesmo as pessoas que já foram vacinadas podem pegar Covid-19. As vacinas não oferecem 100% de proteção porque novas variantes podem surgir. No entanto, quem não se vacina aumenta as chances de hospitalização e morte, ou seja, casos graves da doença são mais fáceis de ocorrer entre os não vacinados. Ter pegado a doença também não evita que se pegue novamente. Alguns estudos já indicam que reinfecções aumentam as chances que o paciente tenha mais complicações. Daí ser importante proteger-se e evitar pegar o vírus.

Covid-19 em Manguinhos

A Claudia Justino Raimundo, Agente de Saúde da Família em Manguinhos, da Equipe Amizade, fala também do crescimento de casos e de reinfecções em Manguinhos:

“Os casos de Covid têm retornado. Tem aparecido aqui na unidade novamente pacientes e funcionários com caso. Pessoas que nunca tiveram o Covid estão tendo. Pessoas que já tiveram estão reinfestando, estão tendo novamente. Aquelas pessoas que tomaram a vacina: “Ah, eu tomei a vacina!” Está pegando Covid novamente. Porém, a gente sabe que a vacina ajuda. Essas pessoas estão tendo de uma forma mais branda, porém estão tendo. Então o fato de ter liberado nas ruas o uso de máscara, mesmo em locais em ambientes fechados (…) onde tem pessoas juntas deve-se sim continuar usando a máscara. Por exemplo, [é preciso] evitar aglomeração, ambientes muito fechados, com multidão de pessoas. Na rua usar álcool gel: “não posso lavar a mão com água e sabão?” Usa álcool gel, evite colocar a mão suja sem lavar em contato com os olhos, com o nariz e com a boca. É isso gente, o Covid não acabou, então continue o cuidado entendeu?”

Vamos testar e vacinar!

A enfermeira Joyce Lopes Santana de Lima, responsável pela vacinação do Centro de Saúde da Fiocruz, nos dá informações importantes para quem deseja fazer testes e se vacinar em Manguinhos:

“Hoje pra dose de reforço nós temos dois tipos de imunobiológicos disponíveis na nossa sala de vacina, que é a Astrazeneca e a Pfizer Adulto. Quanto ao teste rápido pode ser realizado na Unidade pela Equipe de Resposta Rápida. É necessário que esse morador seja cadastrado na Unidade e que ao apresentar sintomas ele procure a própria Unidade para que sejam realizados os testes e as orientações.”

As Unidades de Saúde de Manguinhos em números

A fim de oferecer mais informações sobre a situação territorial, O Manguinho buscou alguns números que podem nos ajudar nessa tarefa. Segundo dados da Saúde da Prefeitura do Rio, foram aplicadas 130.096 doses de vacina no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria e Clínica da Família Victor Valla, ambas localizadas em Manguinhos. Esse número total de vacinas considera a 1ª e a 2ª doses, a dose única e as outras 2 de reforço. Desse total, 41.531 pessoas tomaram as duas doses iniciais e 27.055 a primeira dose de reforço. A gente lembra que todos os adultos com mais de 18 anos já poderiam ter 4 doses de vacina.

E você quer conversar mais sobre isso? Entre e participe do nosso grupo de WhatsApp. Se cuide e ajude a cuidar dos outros espalhando essas informações.

O MANGUINHO 65 – 24 DE NOVEMBRO DE 2022

Uma nova onda de Covid-19

Em nosso grupo de WhatsApp uma moradora pediu que fizéssemos uma nova edição sobre o aumento de casos de Covid-19 nas últimas semanas. Os trabalhadores que atuam do Centro de Saúde, o postinho da Fiocruz, também estavam preocupados com essa nova onda da pandemia. Eles capricharam nas informações sobre o que está acontecendo nesse território em relação a essa doença:

Olá, eu me chamo Priscila Rosa e trabalho no Núcleo de Vigilância e Saúde do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria da Fiocruz. Hoje é dia 18 de novembro de 2022 e venho trazer algumas recados e informações pra vocês do nosso Núcleo de Vigilância. Como vocês já devem ter ouvido falar estamos vivendo uma nova onda da pandemia de Covid-19. O motivo dessa nova onda foi devido ao surgimento de uma nova subvariante da variante Ômicron, do vírus da Covid-19, chamada Ômicron BQ1. Essa nova subvariante já encontrada em outros países foi identificada pela Fiocruz no Rio de Janeiro há cerca de duas semanas. Aqui em Manguinhos já dá pra perceber os efeitos dessa nova onda. O número de atendimentos de pessoas com sintomas respiratórios ou procurando testes de Covid passou de cerca de 20 para mais de 100 pessoas por dia. O número de moradores de Manguinhos notificados como casos suspeitos de Covid-19 dobrou na semana passada em relação ao anterior. Passando de 72 para 142. Enquanto a proporção de testes positivos passou de 10% para cerca de 30%.

Agora vamos tentar responder algumas dúvidas mais frequentes:

Essa variante é mais transmissível? Parece que sim. Porque ela rapidamente se tornou dominante nos países onde ela foi identificada substituindo as demais.

Essa subvariante escapa da imunidade? Em parte sim, essa variante tem mutações que ajudam a escapar dos anticorpos que nós produzimos depois da vacina ou depois de ter Covid. Então ter sido vacinado ou ter pego Covid não impede que você tenha Covid de novo. Ainda assim as vacinas contra a Covid continuam oferecendo uma forte proteção contra a doença grave e morte.

Essa subvariante causa doenças mais graves que as demais? Não, essa subvariante não causa doença mais grave que as anteriores, mas se houver grande aumento de casos as internações e mortes por Covid tendem a aumentar também.

E se eu achar que estou com Covid? Se você tiver sintomas de gripe, ou resfriado, como dor de garganta, nariz entupido ou escorrendo, tosse, espirros, ou febre, use máscaras em todos os locais. Procure a unidade mais próxima para fazer o teste e evite o contato com outras pessoas por pelo menos sete dias desde o início da doença. E se após esse período você não tiver melhorando volte à unidade de saúde para ser reavaliado.

O que é preciso fazer para evitar ter Covid? Para começar use máscara em locais fechados e no transporte público e coloque a vacinação em dia. Essas duas medidas reduzem seu risco de pegar Covid-19 e de ter doença grave. Também é importante evitar aglomerações, lavar as mãos e usar álcool em gel com frequência e evitar passar as mãos no rosto quando elas não estiverem limpas. Mas nossa maior defesa contra a doença grave da Covid continua sendo a vacina. Devemos tomar todas as doses recomendáveis e ajudar parentes e amigos a fazerem o mesmo.

Nesse momento todos os adultos com mais de 18 anos já poderiam ter 4 doses de vacina. Quem ainda não tem deve completar seu esquema. São duas doses iniciais, mais duas doses de reforço. Com intervalo de quatro meses entre essas últimas doses. Para os adultos com comorbidades e idosos já é recomendado uma terceira dose de reforço dez meses depois da segunda. Crianças a partir de 3 anos e adolescentes também devem ser vacinados. E agora começou também a vacinação para crianças a partir dos seis meses de idade que tenham alguma comorbidade. Todos os adolescentes também devem tomar uma dose de reforço. Se você tiver dúvida vá à unidade de Saúde com a caderneta de vacinação para receber as orientações mais adequadas para o seu caso. Esperamos ter esclarecidos suas dúvidas, se cuide e obrigada.

E agora que você já tem muito mais informações sobre o aumento dos casos de Covid-19 e o surgimento desse nova subvariante, não dê bobeira! Se cuide e ajude a cuidar dos outros espalhando essas informações. Quer fazer mais perguntas e comentar sobre esse tema? Entre em nosso grupo de WhatsApp para participar dessa conversa.

O MANGUINHO 64 – 10 DE NOVEMBRO DE 2022

Vozes coletivas de Manguinhos

A médica Celina Boga durante cerimônia de aniversário do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. Foto: Virginia Damas Ribeiro.

Há poucos dias, o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF), da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) comemorou 55 anos de vida. Consultando o informativo da ENSP, disponível no site dessa escola, você pode ler uma matéria publicada em 04 de novembro desse ano com o título: “O Centro de Saúde Escola celebra 55 anos em prol da saúde da população de Manguinhos”. Fazendo isso você sabe tudo que aconteceu nessa festa de aniversário. Desse registro, destacamos aqui um trecho da carta que a Dra. Celina Boga, médica dessa unidade há 35 anos, leu publicamente na conclusão da cerimônia, com autoridades da ENSP e da Fiocruz.

“A festividade de hoje não estaria completa se não comemorássemos também a “finalização” do processo de discussão do nosso Seminário Interno iniciado em maio deste ano. Alguns meses se passaram desde então. Muitas reuniões, vários grupos de trabalho, construção e análise dos Discursos Coletivos, conclusões intermediárias, consultas, assembleias e consensos. Em uma escala menor repetimos, de certo modo, o ritual que observamos em nossos congressos internos. Processos participativos são assim. E como aprendemos com eles!!!! É importante registrar que a motivação inicial do seminário foi a angústia observada, entre trabalhadores do CSEGSF, frente às restrições orçamentárias que o setor público vivencia e que compromete sua efetividade. Efetividade, no sentido do seu funcionamento normal e da capacidade de produzir um efeito real, positivo e duradouro.”

Vozes coletivas

Destacamos esse conteúdo da carta porque ele nos permite trazer para o nosso O Manguinho dessa semana algo que é fundamental para os objetivos que temos com esse nosso jornalzinho. O objetivo de trazer vozes coletivas de moradores e trabalhadores de Manguinhos que podem ajudar a promover ações e reflexões necessárias para produzir saúde nesse território. A Dra. Celina fala em sua carta sobre discursos coletivos compostos por vozes de trabalhadores do Centro de Saúde.

Sistema

“O que precisa mudar no meu trabalho hoje? São as relações de trabalho precarizadas as quais estou submetida. A sensação é a de “enxugar gelo”. Não é um problema das pessoas. É um problema do sistema onde estamos metidos. Existe uma multiplicidade de fatores que resulta na precarização do trabalho no âmbito do SUS, os empregadores lucram com a superexploração dos profissionais, nos tornamos vulneráveis, e temos nossos direitos sociais ameaçados. No cenário pandêmico, todas essas dimensões foram acentuadas. Tal fato, não é exclusividade do meu trabalho, do Centro de Saúde, existem questões políticas, não sou ingênua e alienada. O que me espanta é a passividade em relação aos fatos. Luto diariamente para cumprir o que compreendo que é a minha função social no território. No entanto, é um grande desafio, mais uma contradição do SISTEMA a ser enfrentada, principalmente quanto ao modelo de produtividade estabelecido com as Organizações Sociais na Atenção Básica. (…) Desafio maior para moradores que compõem um conjunto heterogêneo de trabalhadores que integram a cidade de forma subalterna, e amargam diariamente preconceitos, estigmas, violência, falta de saneamento básico e desrespeito permanente aos seus direitos. As vulnerabilidades vivenciadas por esta comunidade são determinantes para o risco constante de adoecimento por agravos que o asfalto sofre com menor impacto(…). Nesse contexto transferir as contradições sociais para a esfera patológica, é naturalizar as verdadeiras determinações do sofrimento. O medicamento é um dos elementos protagonistas dessa estratégia capitalista.”

A sensação é a de “enxugar gelo”. Não é um problema das pessoas. É um problema do sistema onde estamos metidos.

O que você pensa sobre tudo isso? Como a partir dessas reflexões o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (ENSP/Fiocruz) pode contribuir para que os moradores de Manguinhos conquistem e tenham acesso efetivo aos direitos que são necessários para ter saúde? Entre em nosso grupo de WhatsApp e envie uma frase para nos ajudar a construir um discurso coletivo que responda essas questões.

O MANGUINHO 63 – 03 DE NOVEMBRO DE 2022

Fim das eleições: e agora?

Mais detalhes sobre o resultado das eleições podem ser encontrados [clicando aqui] na página do Tribunal Superior Eleitoral.

Nesse último domingo todos nós vivemos um momento muito importante da história do Brasil: a eleição de um novo Presidente da República. No dia 30 de outubro compareceram às urnas 123 milhões de brasileiros. Ao exercerem o direito ao voto, contribuíram mais uma vez para o fortalecimento da democracia no país. Nessa edição, O Manguinho procura responder algumas perguntas: O que faz um Presidente da República? O trabalho do presidente do Brasil pode nos ajudar a enfrentar as diferentes violências que atingem Manguinhos?

Para começar é bom saber que um Presidente da República não governa sozinho. Ele conta com a ajuda de seus ministros e suas respectivas equipes ministeriais. Cabe à presidência da república aplicar e gerir a execução das leis existentes e propor outras novas ao Congresso Nacional.
Entre as mais variadas atribuições, é da responsabilidade também da presidência propor o orçamento anual do país, planejando gastos e investimentos do Estado brasileiro. Ao destinar mais dinheiro para a área da Saúde, novas Unidades de Saúde podem ser construídas, novos servidores contratados e outros medicamentos podem ser distribuídos. Nesse exemplo, o dinheiro seria repassado aos Estados e Municípios, que seriam os responsáveis pela condução dessas ações.

Em edições passadas, O Manguinho em diferentes semanas tratou do problema da evasão escolar e da baixa escolaridade em Manguinhos. Esses são problemas que ocorrem não só nesse território, mas em outras favelas do Brasil inteiro. Por meio do Ministério da Educação, políticas públicas e programas governamentais podem ser criados e propostos a fim de enfrentar esses problemas em todo território nacional, inclusive em Manguinhos.

Bolsa Família

O Bolsa Família, criado em 2003, é um bom exemplo de um programa criado pelo Governo Federal que atingiu diretamente os moradores de Manguinhos. Para o morador do Mandela, Alexandre Genovez, que é ex-estudante do PEJA do Ciep Juscelino Kubitschek e do Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, combater a fome deve ser uma prioridade no novo Governo Federal. Ele também fala de outros direitos do povo:

“O presidente do nosso país precisa buscar a coisa principal que nós brasileiros precisamos, que é democracia. Porque sem democracia nós não somos ninguém não somos nada. (…) Nós temos que combater é a fome! Como dizia o nosso querido Betinho, o Herbert de Souza, “quem tem fome, tem pressa”. O nosso grande Darcy Ribeiro, o pai dos Ciep´s, o pai da educação, [dizia também] que o povo tem que ter educação. Tem que ter saúde de melhor qualidade, tem que ter segurança, emprego, um bom saneamento básico, sabe? Nós que somos povo, lutamos dia a dia, pagamos nossos impostos, para eles poderem retribuir o que nós fazemos. Então Manguinhos, comunidade do Mandela, da Varginha, Arará, Jacarezinho, todas essas, vamos batalhar para nós mesmos – não só depender do presidente -, fazermos Manguinhos melhor: combater as doenças que tem aqui dentro de Manguinhos e em outras comunidades, ajudar em mutirões, buscar cidadania que nós perdemos lá atrás. Temos que desarmar. Não queremos armas, a gente quer livros, queremos educação, comida, prato cheio e bom emprego!”

Participação Social

E agora que já elegemos um novo presidente da república acabou o nosso papel como cidadãos? A resposta é não. Pressionar o governo para que medidas sejam tomadas em benefício do povo e dos trabalhadores deve ser uma tarefa cotidiana. Por isso espaços públicos de controle e vigilância popular dos serviços públicos devem ser ocupados e defendidos. A sociedade brasileira é bem diversa e diferentes interesses estão em disputa. Para os empresários da educação, aqueles que são donos de grandes redes de escolas, é interessante que mais Unidades Escolares públicas sejam construídas e tenham boa qualidade? A terceirização da Saúde, passando a responsabilidade da gestão desses serviços para empresas particulares e entidades privadas, é boa para o fortalecimento do SUS? Quando chegará em Manguinhos o dinheiro que está no Orçamento do Município do Rio para 2022 para construir a Clínica Municipal que está faltando nesse território? Participe de nosso grupo de WhatsApp e responda essas perguntas.

O MANGUINHO 62 – 27 DE OUTUBRO DE 2022

Comemoração, luta e democracia

Em outubro do ano passado, o Manguinho publicou um comunicado importante do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. Informando, aos seus usuários, que as sete equipes da Estratégia de Saúde da Família que atuavam no Centro de Saúde Escola seriam transferidas para outro local. A transferência seria o resultado do fim de um convênio de 20 anos entre a ENSP e a Prefeitura do Rio de Janeiro. Um novo convênio da Prefeitura do Rio estabelecia que a Organização Social Viva Rio seria a nova responsável pela gestão local das Equipes de Saúde da Família. O comunicado ainda ressaltava uma informação importante, a de que, originalmente, constava no Programa de Aceleração do Crescimento de Manguinhos a construção de três Clínicas da Família, sendo que até aquele momento apenas a Clínica Victor Valla havia sido organizada no espaço da UPA Manguinhos. Manguinhos não havia recebido o que necessitava e merecia por direito.

Nas semanas posteriores a essa notícia, que afetaria a vida de muitas pessoas em Manguinhos, uma sequência de ações políticas comunitárias foram realizadas buscando encontrar uma solução para o problema. Moradores de Manguinhos fizeram um abaixo assinado solicitando a construção de mais uma Clínica Municipal de Saúde em Manguinhos. No final do ano de 2021, esse abaixo assinado foi entregue na Prefeitura e na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. A partir dessa luta de moradores de Manguinhos, foi incluído no orçamento do município do Rio, para 2022 um recurso para ser construída a Clínica Municipal de Saúde que falta em Manguinhos. O ano está acabando e a clínica nem começou a ser construída. O aniversário do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria trouxe de volta esse importante assunto. Ao completar, no dia 27 de outubro, 55 anos de existência, a unidade pediu que os seus usuários e trabalhadores deixassem mensagens e perguntas para comemorar o seu aniversário. Destacamos nessa edição a fala de uma moradora, usuária e liderança comunitária, que não busca desmerecer essa data tão importante, mas que resgata um problema exposto há um ano e que ainda não foi resolvido.

Cadê a nossa clínica?

Zeulaci Távora Chaves, representante dos idosos no Conselho Gestor Intersetorial de Manguinhos, enfatiza o quanto seria importante uma nova clínica:

“Sou usuária aqui do Posto de Saúde, o Germano Sinval Farias, há quatro anos. O atendimento pra mim é excelente. E por esse aniversário eu quero pedir a todos o seguinte: primeiro como cidadão a gente tem que reivindicar os nossos direitos. No mandato anterior do Eduardo Paes ele nos prometeu uma clínica nova aqui em Manguinhos, tirou foto com faixa e tudo. Isso não foi feito, então nós temos que exigir que o que foi prometido seja feito. Esse é um dos motivos que a gente quer a clínica fora da Fiocruz. Não que a gente queira perder o direito ao Centro de Saúde, muito pelo contrário, a Clínica da Família saindo e tendo o lugar dela próprio, o posto de saúde pode ser equipado com aparelhos onde a gente não precise sair aqui de Manguinhos pra fazer um exame em Realengo, na cidade, tantos lugares que botam a gente pra ir. Às vezes a gente é impossibilitado de ir por falta de dinheiro de passagem, entre outras coisas, às vezes porque a pessoa não tem idade pra ir pra tão longe, às vezes a pessoa não tem um acompanhante, várias outras coisas. Então esse aniversário que seja um aniversário onde a gente possa se unir, conversar, dialogar, porque eu acho que todo mundo vai sair ganhando. Tanto o pessoal do posto, quanto o pessoal da clínica, e principalmente o usuário, que eu acho que tem que estar em primeiro lugar.”

Para além do pedido de construção da Clínica Municipal de Saúde, a Zeulaci lembra que toda mudança positiva em Manguinhos só será alcançada com participação e democracia. E, por isso, cobra que os conselhos de saúde das unidades de saúde sejam retomados:

“Também quero deixar claro à Unidade que nós precisamos ter de volta o nosso Conselho. Para que a gente usuário possa estar junto de vocês dialogando para a melhoria do nosso atendimento. O Conselho está prescrito no SUS e a nossa unidade não tem realizado esse Conselho. Então deixo também aqui esse meu pedido. Pra que toda população possa também fazer parte.”

E você, acredita também que o enfrentamento dos problemas dos serviços públicos de Manguinhos passa pela participação nos conselhos e pelo avanço da democracia na gestão desses espaços? Envie sua resposta pra gente em nosso grupo de WhatsApp.

O MANGUINHO 61 – 20 DE OUTUBRO DE 20

Centro de Saúde Escola da Fiocruz faz 55 anos

Nessa edição, O Manguinho conversou com três trabalhadoras do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF) e se propôs a conhecer um pouco mais de sua história. Localizado em Manguinhos, no campus da Fiocruz, essa unidade de saúde faz 55 anos no próximo dia 27 de outubro. Conversando e pesquisando a gente entendeu que a história do Centro de Saúde Escola está ligada à Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, a ENSP.

No caso do Brasil, é por volta da década de 1920 que a proposta da fundação de uma escola de Saúde Pública aparece pela primeira vez. Na época, inspirada em modelos de outros países, havia duas opções a seguir: a primeira mais voltada a uma abordagem técnica, e outra, mais social e ambiental. A ENSP desde seu início, em 1954, orienta-se pelo segundo modelo, ou seja, entre seus alunos e professores, prevalece a ideia de que o enfrentamento dos problemas de saúde vai além de combater as doenças geradas. A ENSP, segundo sua missão, “forma profissionais, gera e compartilha conhecimentos e práticas no sentido de promover o direito à saúde e a melhoria das condições de vida da população.” O Centro de Saúde Escola, sendo parte constituinte da ENSP, contribui para que essa missão seja alcançada ao ser um campo de prática e pesquisa.

História do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria

Quem começa a contar essa história é a médica Celina Borga:

“O nascimento do Centro de Saúde não pode ser dissociado do nascimento e do surgimento da própria Escola Nacional de Saúde Pública. A ENSP surge em 1954 e 13 anos depois nós temos a inauguração do Centro de Saúde, que era na época denominado uma Unidade de Treinamento, isso porque no primeiro momento era entendido como um espaço de prática para os alunos que a ENSP formava em seus diversos cursos. Isso perdurou um tempo, até que o Centro de Saúde pudesse ele próprio determinar e propor suas próprias ações. Isso sempre foi guiado por um reconhecimento de que lugar é esse que nós estamos agindo e trabalhando. Quais as necessidades que esse lugar apontava e aponta pra nós até hoje? Como fazer o aluno formado pela ENSP entender essa realidade e reconhecer essa realidade? Como durante seu próprio trabalho de curso fazer uma proposta de ação produtiva para aqueles problemas que foram reconhecidos? Foi esse o primeiro momento, foi essa a primeira razão. Mas de todo modo, hoje, depois de 55 anos de existência, que a gente está comemorando agora em 2022, o Centro de Saúde tem claro a extensão do seu papel e executa esse papel num grande tripé: o ensino, a pesquisa e a assistência – que a gente denomina de forma ampla de cuidado. Não só assistência à saúde, à doença e ao enfermo, mas o cuidado de uma forma mais ampla, mais generosa, mais compreensiva de todas as outras razões que não estão no corpo físico do indivíduo, mas que estão no sofrimento mental, psíquico, nas enormes, frequentes e permanentes vulnerabilidades que as pessoas apresentam. Tanto do ponto de vista individual, mas do ponto de vista coletivo, da comunidade. É essa a principal motivação pra comemoração dos 55 anos do Centro de Saúde agora no dia 27 de outubro.”

Um pouco mais de história

A assistente social Idenalva S. Lima enfatiza o quanto é gratificante atender a população de Manguinhos:

“Meu nome é Idenalva e estou no Centro de Saúde há 43 anos, desde 1979. Ao chegar eu soube que o Centro de Saúde foi criado para atender a demanda de alunos aqui da ENSP de Saúde Pública. Para ser um campo de práticas para esses alunos. Mas na minha percepção o Centro de Saúde é mais do que isso, sabe? Foi criado para colher mesmo essa população de forma carinhosa, respeitosa. Eu sinto isso nesses longos anos, tanto da população que nós atendemos quanto aos profissionais daqui. É muito gratificante trabalhar aqui.”

A gente conversou também com a Elisangela Soares, de 54 anos, que mora no Mandela em Manguinhos:

“A importância do Centro de Saúde para mim vem de muito tempo. Cuidava da minha mãe, do meu pai, cuidou de mim nas duas gravidezes que eu tive. E hoje em dia eu posso falar: cuidou tanto que hoje eu presto serviço dentro da Fiocruz há mais de 20 anos.”

E você morador ou trabalhador dos serviços públicos em Manguinhos: conhece ou é usuário do Centro de Saúde Escola? Que relação você tem com essa história? Entre em nosso grupo de WhatsApp para responder.

Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria